Natal: PT Apoiará Carlos Eduardo



Cobiçado pelas duas coligações que permanecem na corrida pela Prefeitura de Natal no segundo turno, o Partido dos Trabalhadores, do deputado Fernando Mineiro, decidiu ontem apoiar, oficialmente, a candidatura do ex-prefeito Carlos Eduardo (PDT). Mas os petistas destacaram que o apoio não é incondicional. Eles querem que, ao longo da campanha, o pedetista incorpore pontos do programa de Governo do PT natalense. Para os petistas, o fato de Carlos Eduardo fazer oposição à "gestão Micarla" também contribuiu para a decisão.
Aldair DantasParlamentares e dirigentes do PT anunciam a decisão de apoiar a candidatura de Carlos EduardoParlamentares e dirigentes do PT anunciam a decisão de apoiar a candidatura de Carlos Eduardo

A parceria firmada, embora contenha ressalvas, não impõe restrições diretas aos novos aliados. Além de deliberarem pelo "voto crítico" ao candidato do PDT, os petistas que integram o diretório do partido em Natal afirmaram, em resolução aprovada no encontro, que "não participarão da futura administração municipal".

No documento, está escrito ainda que "a posição tomada não nasce de alinhamentos automáticos, muito menos pode ser confundida como um apoio incondicional".

As ponderações do PT municipal foram justificadas como não sendo sinal de "resistência" ou de "amarras" com a candidatura do PDT. "Essa questão do voto crítico é no sentido de se fazer uma campanha propositiva, sem perder o foco com discussões que não interessam a sociedade", explicou a deputada federal Fátima Bezerra.

A reunião de ontem, que lotou uma das salas do Hotel Monza, serviu também para comprovar a preferência dos militantes e dirigentes locais pela candidatura de Carlos Eduardo. Na discussão a portas fechadas foram raríssimas as intervenções propondo a neutralidade do partido no pleito.

"O apoio a Carlos Eduardo é consenso da grande maioria, só precisávamos definir alguns detalhes", destacou o presidente municipal do PT, Carlos Araújo. Os petistas se dividiram principalmente em dois aspectos da resolução debatida. O primeiro ponto de divergência se configurou  no tema 'participação ou não na futura gestão'. O outro consistia em aprovar o termo "voto crítico" ou simplesmente apoio.

Ao final, o texto acabou não sofrendo modificações substanciais e foi aprovado tal qual sinalizado pela executiva municipal na última terça-feira (9).

O deputado Fernando Mineiro observou que o Partido dos Trabalhadores vai aguardar a inclusão de tópicos do programa de Governo defendido pelo PT no primeiro turno as propostas do PDT. "Achamos que nossas ideias são importantes para a cidade e esperamos vê-las em prática", disse Mineiro.

Os petistas se mostraram dispostos em somar com a campanha eleitoral de Carlos Eduardo Alves. "Não ficamos em cima do muro e já estamos convocando nossa militância para ir às ruas ajudar Carlos Eduardo", afirmou o presidente municipal Carlos Araújo. "Vamos participar intensamente", completou a deputada Fátima Bezerra.

O voto crítico dos petistas a Carlos Eduardo, de acordo com dirigentes e militantes, não minará a contribuição no segundo turno das eleições. "Participaremos com toda a garra e propondo um debate propositivo para a cidade".

Após reagir com irritação, Hugo tenta se explicar

O vazamento da resolução elaborada a partir de discussão dos 13 membros da executiva municipal do PT, cujo teor serviu de único embasamento para o debate do diretório municipal, ontem, gerou reação irritada e acabou esquentando o clima dentro e fora da sala de reunião. O vereador eleito Hugo Manso chegou a avisar que haveria modificações no texto original já antecipado pela imprensa e que este poderia somente ser aprovado na segunda-feira (15), dando a entender o que até aquele momento não havia uma definição do quadro. Por outro lado, dirigentes e militantes, presentes na sala fechada, garantiam que havia consenso em torno do nome de Carlos Eduardo e que a resolução discutida sofreria, no máximo, pequenos reparos.

Hugo Manso reagiu com irritação diante do vazamento do documento discutido pelo PT, o qual deveria ser sigiloso, no entanto, diante do desdobramento do encontro, que caminhava para o mesmo desfecho já amplamente divulgado pela TRIBUNA DO NORTE, afirmou ter havido um mal entendido sobre o assunto. Essa resolução, que trata do segundo turno das eleições de Natal, do diretório municipal do Partido dos Trabalhadores é endereçada "ao povo de Natal" e contém sete itens, que explicam as razões pela preferência ao PDT, além de dispensar um agradecimento especial pela votação expressiva dos candidatos Fernando Mineiro e Carlos Alberto, no primeiro turno.

"Nossa luta ultrapassou os obstáculos graças à garra e à vontade, seja de militantes e simpatizantes petistas, seja do apoiador anônimo", diz o texto. Os petistas também destacam que não estar concorrendo ao segundo turno não dá ao partido a escolha de assumir qualquer posição neutra.

Dilma e Lula não vão participar 

O deputado Henrique Eduardo Alves, presidente estadual do PMDB e líder da bancada do partido na Câmara dos Deputados, afirmou ontem que recebeu a garantia de que a presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não vão participar da campanha em Natal. A informação foi confirmada ao deputado pessoalmente pela presidenta. Essa será a postura dela e de Lula nas cidades onde candidatos da base aliada concorrem ao segundo turno na condição de adversários.

"Agradeço, publicamente, esse relacionamento democrático e equilibrado que a presidenta Dilma e o ex-presidente Lula mantêm com os aliados", afirmou, acrescentando que sabe da preferência da presidenta e de Lula para que a decisão em Natal fosse pela neutralidade do PT.

Henrique Eduardo disse ontem à noite que respeita a decisão do PT local e lembrou que defende, desde o encerramento da apuração, no primeiro turno, que a formação de alianças é um assunto a ser definido nos municípios e não em articulações nacionais que atropelem lideranças e candidatos nas cidades. As declarações do ministro da Previdência, Garibaldi Filho, foram na mesma direção: "Realmente o PMDB gostaria de ter tido o apoio do PT, mas o partido (PT) fez sua opção e respeitamos. Agora vamos à luta". Ontem, Henrique Eduardo participou, no escritório do vice-presidente da República, Michel Temer, em São Paulo, de uma reunião com os presidentes nacionais do PT, Rui Falcão, e do PMDB, senador Valdir Raupp.

O candidato Hermano Morais foi procurado pela reportagem, mas não atendeu as ligações.

#Fonte: Tribuna do Norte

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